As Parábolas

A palavra Parábola tem origem no grego παραβολή parábola.
Por derivação significa ‘pôr as coisas lado a lado’ e se assemelha à palavra alegoria, que por derivação significa ‘dizer coisas de maneira diferente’. O objectivo do ensino por parábolas e alegorias é o mesmo.”

“Próximo da fábula, do apólogo e da alegoria, a parábola, enquanto género literário, tem origem oriental e recebeu a sua consagração definitiva no evangelho, pela boca de Jesus, que ensinou a sua doutrina ao povo através de belíssimas parábolas…”

As parábolas eram utilizadas com dois objetivos: o primeiro explicar uma verdade mais complexa, não poucas vezes desconhecida dos ouvintes, a partir de uma situação da natureza ou do quotidiano, bem conhecidas dos auditórios para quem Jesus falava. Por outro lado uma história associada a uma verdade tornava mais fácil a memorização desses princípios que Jesus queria transmitir.

As parábolas são um esforço para a partir de ideias familiares, empregadas como ilustrações, ensinar conceitos pouco familiares, de forma a que o ouvinte compreendesse. Jesus associava uma realidade física como algo concreto e conhecido para apresentar algo desconhecido, abstrato que tinha uma verdade espiritual.

“Algumas vezes a lição de uma parábola é suficientemente óbvia pela própria história como a do rico e do tolo, onde uma rectio ad absurdum é atingida quando o rico morre no próprio momento dos preparativos para aposentar-se em segurança e conforto haviam sido completados (Lc. 12:16-21); mas até mesmo aqui a história é coroada com a declaração: ‘Assim é o que entesoura para si mesmo e não rico com Deus’. Noutras ocasiões encontramos Jesus fazendo o ouvinte perceber o ponto central de uma parábola por meio de uma pergunta hábil, como, por exemplo: ‘Qual deles, portanto, o amará mais?’ (Lc. 7:42). Ou então apontava pessoalmente para a verdade moral, quer na conclusão de uma história (como em Mt. 18:23, onde Ele conclui a parábola do servo indisposto ao perdão com palavras: ‘Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão’), quer na resposta subsequente pedindo esclarecimento (como em Mt. 15:15, onde Pedro lhe pede para declarar a parábola, ou seja, esclarecê-la explicando o que queria dizer quando afirmou que não é o que entra pela boca de um homem que o contamina mas tudo quanto sai da boca do homem). Mais frequentemente a história se narra sem adições e os ouvintes têm que tirar suas próprias deduções da mesma.”

Foram Mateus e Lucas quem mais nos enriqueceram com as parábolas. Por isso irei abordar algumas das parábolas de Jesus em Mateus e em Lucas, tentando agrupá-las para que as possamos compreender melhor.

“O número de parábolas de Jesus é calculado de várias maneiras, variando entre 27 a 50, isso porque algumas delas são definidas com parábolas por alguns e como metáforas por outros. A maioria das pessoas concorda que Jesus contou cerca de trinta parábolas.”

Para podermos interpretar e compreender as parábolas existem algumas coisas que devemos ter em conta: “A verdadeira qualidade das parábolas, especialmente as parábolas de Jesus, tem levado, com frequência, os interpretas a se esquecerem de que essa é uma forma literária imaginária. Ela consiste em duas partes: uma de ficção, ou a história em si mesma, e a outra parte real, ou a comparação com a qual é parecida.” Assim não poderemos enfatizar demasiado os pormenores individuais dentro de uma parábola. O objetivo é chegar à verdade que a parábola pretende transmitir e não em pormenores que apenas são adorno da história. Em segundo lugar, antes de nos apressarmos a encontrar uma explicação para a parábola, é importante perceber se o próprio Jesus forneceu essa explicação em forma de aplicação prática. As parábolas nunca podem ser o alicerce para doutrina, mas podem-nos ajudar a explicar a doutrina. Não dar atenção a algumas hipérboles que encontramos nas parábolas e muito menos generalizá-las.

Apresentarei de seguida três grupos de parábolas para que possamos perceber um pouco da forma como Jesus as usava e em cada grupo utilizarei alguns exemplos.

 

As parábolas do Reino

A implementação do Reino

Irei abordar agora as parábolas relacionada com o reino de Deus ou reino dos céus que são referências paralelas. O início do capítulo 13 de Mateus apresenta-nos Jesus sentado junto ao mar e rodeado de uma grande multidão, sendo claro o texto de Mateus ao afirmar: “…falou-lhes de muitas coisas por parábolas…”. Mateus deixou o registo de algumas dessas parábolas para nossa edificação.

As duas primeiras ensinam-nos acerca do reino do Messias e sua forma de implantação: a primeira, a do semeador mostra-nos que a semente é boa e igual para todos, sendo explicado que aqui a semente é a palavra de Deus, contudo os solos que representam os corações são diferentes e por isso o resultado final é diferente, não por causa da semente mas da terra onde é plantada. A segunda, a parábola do trigo e do joio, ensina-nos que apesar das semelhanças aparentes quando for a ceifa os que são realmente filhos do reino terão um fim privilegiado, contudo, os outros que são parecidos, mas que no seu coração não são iguais, são comparados com o joio e serão destruídos.

Entre a parábola do semeador e a do joio e do trigo, tanto o evangelho de Marcos como o de Lucas falam da parábola da candeia e apenas Marcos nos revela ainda sobre a parábola da semente que cresce secretamente. A parábola da candeia, nos ensina que como a luz não se acende para ficar escondida, mas para alumiar, assim também a palavra do reino não deve ser escondida mas colocada num local bem visível da nossa vida. “Assim Marcos insiste que qualquer um que tenha ouvidos para ouvir deve ouvir. Em outras Palavras, atenção, porque a medida usada será aplicada. A parábola da medida mostra como Deus reage em conformidade com a reacção da pessoa à palavra. A medida que se dá ao ouvir é a medida que se recebe.”

Quanto à parábola da semente que cresce secretamente, que apenas aparece nos versículos 26 a 29 de Marcos 4, “sua função é ensinar o crescimento imperceptível da palavra semeada no coração, desde os seus primeiros estágios de desenvolvimento para o mais maduro fruto de justiça prática.

Assim é o reino de Deus, como se um homem lançasse a semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite e dia – continuando com as suas outras ocupações habituais, deixando-a com as leis conhecidas da vegetação sob as influências do genial céu. Este é o sentido de “a terra trazendo fruto de si mesma…”

As outras duas parábolas seguintes, falam também do reino, mas agora numa fase mais avançada, a fase de crescimento. A parábola do grão de mostarda, mostra-nos a dimensão final do reino mesmo que a semente inicial seja a mais pequena de todas as sementes, foi a forma de Jesus ensinar que este reino poderia parecer confinado à Galileia, ou a um pequeno grupo, mas a sua real dimensão em breve seria o mundo. “Uma semente de mostarda era proverbial no judaísmo como símbolo de alguma coisa pequena. Em ‘Nissah’ 5:2 e ‘m. Toharot’ 8:8, ela é a base para uma medida de quão pequeno um sangramento pode ser para se estabelecer impureza… A preocupação, aparentemente, era com o crescimento da semente da mostarda e o tamanho que esta alcançaria.” A Parábola seguinte tem por base o processo de levedação do pão, onde Jesus quer transmitir aos seus ouvintes, como um pouco de fermento ou seja como um pouquinho de massa levedada poderia levedar uma grande quantidade de massa, ou seja como poucos homens poderiam influenciar o mundo com o evangelho do reino, representado por toda a massa.

A partir do verso 36, Jesus já não se dirige à multidão mas ao núcleo restrito de discípulos, onde, depois de explicar a parábola do joio, continua ensinando com outras parábolas.

As duas próximas parábolas falam-nos de negociantes que venderam tudo para poderem ter uma só coisa que lhe era muito valiosa, o tesouro escondido no campo e a pérola de grande valor. “Enterrar tesouros era prática comum no antigo Oriente Próximo, onde a calamidade, invasão e pilhagem aconteciam com frequência, e tornou-se tema popular de narrativa. Jesus usa tal história para enfatizar o valor supremo do reino dos céus.” Se olharmos atentamente para a primeira destas duas parábolas precisamos reter algumas coisas: primeiro, de acordo com a lei Rabínica quem encontrasse alguma coisa ou dinheiro passava a ser o dono dessa coisa ou valor, a menos que fosse conhecido o dono. Segundo, o tesouro encontrado por si só, valia mais do que tudo o que a pessoa possuía. Sendo este tesouro uma referência ao reino dos céus, ficou desde logo o ensino de que o reino dos céus é mais valioso do que toda e qualquer outra coisa. Foi por esta razão que o homem vendeu tudo o que tinha e concentrou toda a sua atenção no tesouro, deixando-nos a moral de que tudo quanto possamos ter é desprezível quando comparado com o reino dos céus.

A parábola da pérola tem por objectivo ilustrar a mesma verdade do que a anterior. A verdade aqui aparece por comparação do reino de Deus enquanto pérola. Mostra-nos um homem que procura boas pérolas. Quando encontra uma, todas as outras perdem o valor face ao valor desta, tão especial, ao ponto de vender tudo, o que implicaria vender também todas as outras pérolas, para poder ter esta. Assim é o reino dos céus, tem um valor tão elevado que todas as outras coisas ainda que importantes perdem a importância quando fazemos a comparação.

Novamente Jesus volta à temática abordada na parábola do trigo e do joio. Esta parábola fala-nos de uma arte piscatória do tipo arrastão, conhecida por tarrafa onde redes são atiradas com pesos nas pontas e depois trazem todo o tipo de peixe, o bom é aproveitado o outro é deitado fora. Mostra-nos como a nossa tarefa é lançar a rede e pescar todo o tipo de peixes, onde ninguém será desprezado mas todos terão oportunidade de serem pescados. Serão, no entanto, separados no fim. Da mesma forma no final dos tempos serão separados os que realmente pertencem ao reino dos céus dos que não pertencem, apesar de estarem na mesma rede.

“Historicamente, a parábola responde á questão referente ao carácter singular dos seguidores de Jesus. Ele atraiu publicanos e pecadores. Na expectativa popular, a vinda do reino significaria não somente que o Messias iria “destruir as nações pagãs com as palavras de sua boca;… e… reprovar os pecadores pelos pensamentos de seus corações”; mas Ele também iria “ajuntar um povo santo, ao qual guiará em justiça”, “e não haverá injustiça no meio deles nos seus dias pois todos serão santos” (Salmos de Salomão 17:28, 36). Jesus não reuniu em torno de si povo santo. Ao contrário, declarou: “Eu não vim chamar os justos mas sim os pecadores” (Mc. 2:17). O convite ao banquete Messiânico foi rejeitado por aqueles que foram convidados, e os seus lugares foram tomados por vadios que andavam ociosos pelas ruas (Mt. 22:1-10). De que modo o reino de Deus poderia ter algo a ver com um grupo tão estranho? Por definição, não seria a função do reino, destruir todos os pecadores e criar uma comunidade sem pecado?

Jesus respondeu dizendo que o Reino um dia de facto criará essa comunidade perfeita. Mas antes deste evento ocorreu uma inesperada manifestação do reino de Deus, que pode ser comparada a uma rede que ajunta peixes bons e maus. Os convites se estende a todos os tipos de pessoas, e todos aqueles aqueles que respondem são aceitos no discipulado presente no Reino. A comunidade perfeita, santa, deve aguardar o último dia.”

A última parábola que encontramos neste capítulo fala do escriba instruído que é semelhante ao pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. “É provável que a ordem das palavras, novas e velhas, tenha significado importante. Stendahl observa que Mateus está ansioso por relacionar a manifestação e o ensino messiânico de Jesus (coisas novas) às promessas do Antigo Testamento que tinham algo que ver com a obra de Deus no mundo. As coisas novas são o ensino messiânico de Jesus com respeito ao reino dos céus. As coisas novas não substituem as velhas, mas edificam sobre elas.”

Na viagem rumo a Jerusalém, como propósito de dar a sua vida por nós, Jesus recorreu de novo às parábolas para poder continuar a ensinar verdades importantes ou para responder a questões que lhe tentavam colocar para o embaraçar.

 

A atividade de Deus no reino

As três parábolas que encontramos no capítulo 15 de Lucas são a resposta de Jesus a alguns Fariseus e Doutores da Lei. Estes religiosos estavam mais uma vez a reprovar a atitude de Jesus de receber e comer com pecadores.

Então Jesus contou três parábolas. As duas primeiras, a parábola da ovelha perdida e a parábola da dracma perdida, são parábolas gémeas, onde o objetivo de Jesus foi explicar aos seus ouvintes em geral e aos religiosos que murmuravam à sua volta em particular, o seguinte: “A ideia de comerem com pecadores era-lhes particularmente repugnante. Eles aceitariam pecadores mas só depois de estes se terem arrependido e terem provado isso com boas obras. Jesus procurava e recebia com alegria os pecadores, como sendo a melhor maneira de os levar ao arrependimento. Mostrava pelos Seus actos o desejo que tinha de receber os pecadores arrependidos.”

A primeira parábola vem do quotidiano de muitos dos seus ouvintes, pois eram comuns os rebanhos de ovelhas e eram geralmente grandes. Por isso, cem ovelhas seria um rebanho modesto, mas mesmo assim, o pastor deixou as noventa e nove em segurança para poder esforçar-se a procurar a que lhe faltava. Agora Jesus diz que há mais alegria por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento, ou seja o seu principal cuidado é com aqueles que estão perdidos. Na segunda parábola, Jesus coloca uma mulher à procura de uma moeda que teria um valor equivalente ao salário de um dia. A ênfase está no facto de não ser uma pérola ou uma fortuna e mesmo assim a mulher procurar encontrá-la, de igual modo esses pecadores que frequentemente têm vindo a ser criticados têm um valor tão grande para Jesus que ele está disposto a um grande esforço para que os possa encontrar novamente.

A terceira parábola, talvez das mais conhecidas, a do Filho pródigo, tem o seu ponto mais alto não na história em si, mas na parte da história que Jesus não contou. Pois a história termina com o argumento do pai a explicar ao filho mais velho que era justo alegrarem-se com a chegada do irmão que estava morto e reviveu, tinha-se perdido mas foi achado, mas Jesus não contou a resposta de seu filho mais velho, levando aqueles que o ouviam a colocarem-se no lugar do filho mais velho, do cumpridor e que agora estão a rejeitar a seus irmãos que realmente pecaram, andaram pela pocilga dos porcos, mas arrependeram-se, voltaram e foram aceites pelo pai. Agora cabia a cada um destes irmãos mais velhos (fariseus e escribas) darem a resposta.

Outras parábolas nos mostram a atividade de Deus no reino.

Os trabalhadores da vinha. (Mt. 20:1-16) Onde Jesus ensinou que o acesso ao reino dos céus vem da vontade de Deus e não dos méritos do homem.

Os talentos. (Mt. 25:14-30; Lc. 19:11-27) Embora estes textos sejam semelhantes e abordem o mesmo tema é provável que sejam relatos distintos, dados os detalhes diferentes e o ambiente diferenciado. Num são distribuídos talentos, no outro são minas; num a quantidade é diferenciada, no outro a quantidade distribuída é igual e o número de servos também é diferente. Ambos os textos têm a mesma moral: Deus tem dado algo a cada um de nós, contudo necessitamos de fazer uso do que Deus nos deu. Quanto maior for o uso que dermos ao que Deus nos deu, mais conseguimos e mais Ele nos dá. Quando não usamos o pouco que temos, isso ser-nos-á tirado e ainda somos alvo de julgamento e condenação por infidelidade.

 

Chamada de atenção para a vigilância

Nos últimos dias de Jesus encontramos diversas formas de Jesus explicar aos discípulos que necessitavam de estar em constante alerta.

Apenas falarei de três parábolas que Jesus utilizou: a primeira encontramos em Mc. 13:33-37; Lc. 12:35-38 e é um repto à vigilância, usando por comparação o trabalho do porteiro que teria de vigiar a casa de forma constante, pois não sabia a hora da chegada do seu Senhor. Jesus estava a explicar que à semelhança daquele homem que não disse quando viria, também Jesus não disse quando voltaria, mas garantiu o seu regresso por isso importa que a vigilância seja feita.

A segunda parábola (Mt. 25:1-13) fala-nos das dez virgens e da necessidade de estarmos preparados para aguardar a vinda de Jesus independentemente do tempo que demore. É verdade que todas caíram no sono, isto nos deixa a ideia de que passou bastante tempo, que também é evidenciada com a expressão “… e tardando o noivo”, mas o que Jesus nos queria ensinar é que passando algum tempo só cinco estavam prontas para continuar, as outras já não estavam preparadas e por isso foram excluídas. Jesus conclui: “vigiai porque não sabeis o dia nem a hora”, pode ser hoje ou pode demorar, por isso é importante que continues a vigiar sempre.

A última destas três parábolas que gostaria de abordar é a do ladrão na noite (Mt. 24:43-44; Lc. 12:39-40). Jesus afirma que se o pai de família soubesse a hora a que o ladrão arromba a sua porta não o permitiria, o que acontece é que o ladrão vem quando ninguém espera, da mesma fora Jesus virá para buscar a sua igreja como o ladrão da noite. Por isso é necessário estar alerta e não pegar no sono espiritual para que se possa estar à espera de Cristo quando voltar.

 

Comparações

Remendo novo em pano velho e vinho novo em odre velho

Jesus ao necessitar de ensinar aos seus seguidores que estava a ser virada uma nova página da história, vai buscar dois exemplos que eles conheciam muito bem. Primeiro apresenta a ilustração da peça de vestuário que se rompeu e que se for remendada com um pano novo, ao ser lavada, o remendo novo vai encolher e por isso ficará pior do que o que estava. Depois ele vai buscar uma segunda ilustração, a de um odre velho com vinho novo. O odre era feito com pele de cabra, cozida, e o vinho novo era deitado naquele lugar. Uma vez que o vinho era novo iria ferver, a pele iria alargar à medida que o vinho fervia e acabaria por secar esticada. Se fosse colocado o vinho novo num odre velho, já seco, este não mais poderia esticar e por isso iria romper-se com a perda de ambas as coisas o vinho e o odre. Igualmente o sistema sacrificial mosaico estava no final, o Messias prometido já tinha vindo e agora importava que o povo percebesse que estava a chegar uma nova aliança.

 

Citações do Antigo testamento

Exclusividade defendida na sinagoga de Nazaré com o exemplo do tempo dos profetas Elias e Eliseu (Lc. 4:25-27) Jesus utiliza as passagens da viúva de Serepta em I Rs 17:8-24 e de Naamã em II Rs 5:1-19. Com este exemplo Jesus queria ensinar duas coisas, que de todas as viúvas só uma foi abençoada e que de todos os leprosos só um foi curado por outro lado ele deixava já antever o ensino de Jo. 1:11 “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.”. Uma vez que Serepta, ficava na Fenícia junto ao Mediterrâneo e Naamã era Siro, Jesus estava querendo mostrar que apesar do orgulho judeu, existia fé entre os gentios e que já no passado foi assim.

Para explicar aos fariseus que veio para aqueles que se consideram pecadores e por isso necessitados da sua intervenção, Jesus utiliza o texto de Oseias 6:6, que foi proferido numa altura em que o povo estava a relegar para um plano secundário a sua conduta para colocar toda a importância nos sacrifícios que faziam debaixo de uma grande vaidade. Apesar de terem rompido o concerto que Deus estabelecera com eles no Sinai, mantinham a sua confiança nos seus sacrifícios e rituais.

Para explicar aos seus seguidores que a lei cega é inoportuna, mas o que é importante é a ideia que lhe está associada, Jesus quando confrontado com a violação do sábado pelos discípulos, ao terem colhido espigas para comer, foi buscar o exemplo de David que também comeu do pão do templo que não lhe era permitido, conforme encontramos em I Sm. 21:3-6. Jesus vai buscar este exemplo e diz que é maior do que o templo, ou seja os sacerdotes no sábado quebram o que estava prescrito ao mudarem o pão e ao oferecerem sacrifícios (Lv. 24:8; Nm. 28:9) e Jesus vai logo ensinar-lhes que é superior ao templo, referindo-se ao sistema cerimonial, concluindo mesmo que é Senhor, logo dono, do sábado.

Sem dúvida que muitas outras passagens do antigo testamento foram citadas pelo mestre.

Era inatenção de Jesus apontar-se a si mesmo como o prometido de Deus no Antigo Testamento, como cumpridor da lei do Antigo Testamento e como conhecedor desde cedo da Lei.